Foi logo após o almoço, numa tarde quente e nublada de Outubro, estava viajando a trabalho por esse Brasil a fora. Necessitava aparar as madeixas que já estavam indecentes, para não dizer incomodante. Solicitei a um rapaz que vendia jornais que me indicasse um barbeiro, e antes que ele respondesse retruquei dizendo: “Um que não seja caro!”, e então sorrindo o jovem apontou para a próxima quadra da avenida. Mesmo desconfiando desse malicioso sorriso encaminhei-me ao local indicado, Salão Cristal. Ao me aproximar me dei conta da pequenez do local, mas senti certa nostalgia ao observar a cadeira, o barbeiro e a técnica de corte. Cumprimentei o profissional e seu cliente e passei a observar seu trabalho. Não sei se por desconfiança excessiva minha ou não, mas não gostei do barulho do corte da tesoura utilizada pelo barbeiro, que me soou um tanto quanto desamolada. Pode até ter sido neurose minha, mas quando algo não nos agrada, principalmente se estiver relacionado com algo relativamente duradouro como um corte de cabelo, é melhor ir embora. E foi o que fiz.
Após algumas outras indicações frustradas avistei um salão modesto onde um senhor trajando bata, trabalhava na cabeleira de um senhor (que posteriormente constatei que na verdade era uma senhora). Cumprimentei a todos e solicitei o serviço. Foi-me indicada à cadeira ao lado da qual o barbeiro trabalhava, e quando estava me acomodando um jovem rapaz passou a me atender. Manias e desconfianças de lado, decidi encarar o desafio e permitir que o rapaz trabalha-se. Quando o mesmo ofereceu um corte clássico, logo retruquei estabelecendo os parâmetros e referências do corte desejado. Pronto, não falamos mais por um bom tempo, até que me acalmei e puxei conversa. Não demorou muito para perceber que o rapaz era novo de profissão, mas consegui ficar calmo quando o mesmo demonstrou atenção e profissionalismo, ao menos até a hora de passar A NAVALHA!!!
Foi instantâneo, voltei a minha tenra infância, quando tinha aproximadamente seis anos de idade, e meu amado Pai deu-me dinheiro para cortar cabelo num barbeiro que nunca tinha ido, próximo a nossa residência na cidade de São Paulo (mais precisamente na Vila Livieiro, divisa com São Bernardo do Campo), e junto com o dinheiro me deu uma lâmina de barbear (Gillette) daquelas antigas que parecem com uma lâmina de estilete, para evitar que me contaminasse com outra que já tivesse sido utilizada pelo barbeiro, em caso de corte. Até aqui nenhum problema, mas quando chegou à hora H de “fazer o pé do cabelo” eu não tive coragem de pedir para o barbeiro trocar a gillette e daí por diante foi só agonia, rezei o tempo todo para que não fosse cortado, mas por acaso do destino, ou não, fui cortado pela lâmina usada do barbeiro bem numa verruga que tenho na nuca. Fiquei mais pálido do que o talco que ele passou em mim, paguei o corte e sai o mais rápido possível de lá, mas quando estava voltando para casa não queria passar por covarde diante de meu Pai, então escondi a Gillette (pois poderia utilizá-la mais tarde para realizar alguma molecagem) e entrei em casa como se nada tivesse acontecido de errado. Mas mesmo me esforçando (parece que nessas horas todos os esforços para ocultar algo somente servem para trazer a tona a VERDADE) não consegui esconder o corte. Meu Pai, que parecia já saber de tudo como se tivesse me feito passar por um teste, ficou primeiramente chateado comigo, passando um grande sermão sobre o risco que corri, do perigo de não seguir sua orientação e de que ele só quer o meu bem, e depois quis ir ao salão tirar satisfação com o barbeiro.
Bem, voltando ao presente com todas essas recordações na cabeça, ficou difícil passar pela navalha sem ter que prender a respiração, e foi o que fiz. Quando já estava quase no fim, percebi que o rapaz, toda a vez que aproximava a navalha da minha carne também prendia a respiração! Graças ao bom senso o rapaz tinha colocado uma lâmina novinha na navalha e concluiu o serviço sem nenhum acidente. Agradeci e paguei o serviço com satisfação (apesar de gostar apenas de cortar o cabelo com minha irmã, que por sinal é uma excelente profissional) e fui embora tranqüilo e satisfeito.
Após algumas outras indicações frustradas avistei um salão modesto onde um senhor trajando bata, trabalhava na cabeleira de um senhor (que posteriormente constatei que na verdade era uma senhora). Cumprimentei a todos e solicitei o serviço. Foi-me indicada à cadeira ao lado da qual o barbeiro trabalhava, e quando estava me acomodando um jovem rapaz passou a me atender. Manias e desconfianças de lado, decidi encarar o desafio e permitir que o rapaz trabalha-se. Quando o mesmo ofereceu um corte clássico, logo retruquei estabelecendo os parâmetros e referências do corte desejado. Pronto, não falamos mais por um bom tempo, até que me acalmei e puxei conversa. Não demorou muito para perceber que o rapaz era novo de profissão, mas consegui ficar calmo quando o mesmo demonstrou atenção e profissionalismo, ao menos até a hora de passar A NAVALHA!!!
Foi instantâneo, voltei a minha tenra infância, quando tinha aproximadamente seis anos de idade, e meu amado Pai deu-me dinheiro para cortar cabelo num barbeiro que nunca tinha ido, próximo a nossa residência na cidade de São Paulo (mais precisamente na Vila Livieiro, divisa com São Bernardo do Campo), e junto com o dinheiro me deu uma lâmina de barbear (Gillette) daquelas antigas que parecem com uma lâmina de estilete, para evitar que me contaminasse com outra que já tivesse sido utilizada pelo barbeiro, em caso de corte. Até aqui nenhum problema, mas quando chegou à hora H de “fazer o pé do cabelo” eu não tive coragem de pedir para o barbeiro trocar a gillette e daí por diante foi só agonia, rezei o tempo todo para que não fosse cortado, mas por acaso do destino, ou não, fui cortado pela lâmina usada do barbeiro bem numa verruga que tenho na nuca. Fiquei mais pálido do que o talco que ele passou em mim, paguei o corte e sai o mais rápido possível de lá, mas quando estava voltando para casa não queria passar por covarde diante de meu Pai, então escondi a Gillette (pois poderia utilizá-la mais tarde para realizar alguma molecagem) e entrei em casa como se nada tivesse acontecido de errado. Mas mesmo me esforçando (parece que nessas horas todos os esforços para ocultar algo somente servem para trazer a tona a VERDADE) não consegui esconder o corte. Meu Pai, que parecia já saber de tudo como se tivesse me feito passar por um teste, ficou primeiramente chateado comigo, passando um grande sermão sobre o risco que corri, do perigo de não seguir sua orientação e de que ele só quer o meu bem, e depois quis ir ao salão tirar satisfação com o barbeiro.
Bem, voltando ao presente com todas essas recordações na cabeça, ficou difícil passar pela navalha sem ter que prender a respiração, e foi o que fiz. Quando já estava quase no fim, percebi que o rapaz, toda a vez que aproximava a navalha da minha carne também prendia a respiração! Graças ao bom senso o rapaz tinha colocado uma lâmina novinha na navalha e concluiu o serviço sem nenhum acidente. Agradeci e paguei o serviço com satisfação (apesar de gostar apenas de cortar o cabelo com minha irmã, que por sinal é uma excelente profissional) e fui embora tranqüilo e satisfeito.


Um comentário:
Gostei!!!!!
Postar um comentário