21 de mar. de 2006

Que Educação?!


Que Educação?!

Esta semana minha esposa foi a uma escola pública, próximo de nossa casa, para matricular nosso filho de 2,5 anos. Sei que ele ainda é muito novo, pois quando fui pela primeira vez à escola tinha 04 anos, mas assim ele poderá ter maior contato com outras crianças, pois ainda não temos outros filhos embora desejemos muito. Até ai nada de anormal, mas enquanto ela aguardava e passava por todo o processo burocrático, nosso filho ficou livre, leve e solto brincando nas mediações. O que me impressionou foi o comentário feito por uma das funcionárias da escola (creio eu que com o intuído de agradar): “Não se preocupe Senhora, vamos podar direitinho às asinhas dele!”. Comentário até que comum, não fosse proferido por uma educadora dentro de uma instituição de ensino. Quando minha esposa ligou-me e contou essa história, fiquei com a frase martelando em minha cabeça. Mesmo após desligamos o telefone fiquei me perguntando se, no papel de educadora, a frase não seria mais correta dita assim: “Fique tranqüila Senhora, nós não vamos podar as asinhas dele, vamos sim orientar a direção de seus vôos!”.

Fiquei um bom tempo refletindo sobre esse assunto e pude reparar que muitos pais e educadores, ainda nos dias atuais, utilizam à didática da era industrial “Chicote e Cenoura” para orientar seus filhos. Quando são crianças, cheios de energia, insistem constantemente para que se acalmem, sosseguem o facho, não façam isso, não façam aquilo; e quando são jovens, insistem para que tenham interesse em coisas úteis, que assistam menos TV, joguem mesmo vídeo-game, que tenham interesse mais profundo nas atividades que começam e não terminam. Vejo ai um grande contraste, ou seria melhor dizer uma completa inversão de orientações. Em uma fase da vida somos estimulados a ser menos curiosos, a não ter tanto interesse ou pelo menos não ficar tanto tempo fazendo algo (exemplo: criança que está pulando e a mãe diz: Pra que pular tanto menino! ou: Pare de pular antes que se machuque!), sendo desestimulados e amedrontados para que assim obedeçamos e passemos a ter uma atitude reativa, ou melhor dizendo, a ter menos atitude. Já em outra fase da vida somos cobrados justamente por não termos atitudes, pois simplesmente perdemos o interesse nas coisas, principalmente nas que já conhecemos; passamos a ter interesse temporário nas novidades e modismos, e passamos a ignorar, mesmo que inconscientemente, as solicitações dos pais e educadores justamente por elas estarem em contradição com o que nos era dito durante a infância.

Como podemos querer que nossos descendentes estejam aptos para alçar, altos e belos vôos, se desestimulamos, mesmo que inconscientemente, suas atitudes e liberdade desde crianças; será que ao invés disso não deveríamos estar constantemente e conscientemente preocupados em orientá-los a voar com maior segurança, como se fossemos uma Torre de Comando como existem nos aeroportos?! Devemos orientar ao invés de castrar, pois somente assim poderemos verdadeiramente contribuir para a formação de cidadãos conscientes não só de suas possibilidades como também de civilidade.

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