Por: Afonso Ferreira Do UOL, em São Paulo (SP) 03/12/201306h00
Em meio às faíscas e ao barulho
da linha de produção, lábios com batom e rostos maquiados. Na fábrica de
equipamentos industriais Dimensão Máquinas, em Trindade (GO), são as mulheres
que fazem o trabalho pesado. Desde que
passou a contratar força de trabalho feminina para atuar na linha de produção,
em 2009, o empresário Francisco Luciano Alves de Jesus, 37, diz que a
produtividade aumentou e os negócios começaram a prosperar. Jesus diz que,
enquanto três homens demoravam 45 dias para produzir um equipamento, o mesmo
número de mulheres fazia o serviço em metade do tempo. No ano, eles produziam a
média de oito peças e elas, 16.
"Com os homens, tinha dificuldade para
dividir tarefas porque eles eram mais orgulhosos. Já as mulheres trabalham
melhor em equipe, o que possibilitou o aumento no quadro de funcionários e,
consequentemente, a produtividade."
Em quatro anos, o número de funcionárias
aumentou e o faturamento da fábrica triplicou, segundo o empreendedor. Enquanto
em 2009, a receita anual do negócio era de R$ 200 mil, a arrecadação de 2013 já
superou os R$ 600 mil. A mudança começou quando o empresário precisou de apoio
na produção para dar conta dos pedidos. "Na época, só tinha eu e três
homens na produção. Pedi para a secretária dar uma força e ela gostou do
trabalho. Conforme a empresa foi crescendo, comecei a contratar apenas mulheres",
diz. A secretária, que hoje não trabalha
mais na fábrica, gostou da atividade e pediu para permanecer na linha de
produção, segundo Jesus. Depois dela, outras secretárias foram contratadas, mas
também pediram para mudar de setor.
De acordo com o empresário, a inclusão de
operárias na produção começou a incomodar os homens. "Eles não aceitaram
ter mulheres na mesma função e com o mesmo salário. Em um ano, os três pediram
demissão", declara. Hoje, a empresa
tem 11 funcionárias e quatro estagiárias e fabrica oito peças por mês. As
funções são de soldadora, eletricista, montadora, torneira mecânica e pintora.
Nenhum homem, além do proprietário, trabalha na empresa.
Funcionárias
são vaidosas e ganham 'vale-salão'
Para premiar a equipe quando uma meta é
atingida, o empreendedor criou o "vale-salão". Elas ganham de R$ 50
ou R$ 100 por mês como motivação quando batem a meta.
"O salão de beleza é apenas uma sugestão
para uso do dinheiro, mas elas podem gastar o benefício como quiserem",
afirma.
Segundo Jesus, apesar de as funcionárias terem
liberdade para usar o dinheiro para comprar o que quiserem, na maioria das
vezes elas utilizam o bônus no salão de beleza.
Além do "vale-salão", o empresário
disponibiliza estojos com batom, rímel e cremes para as operárias retocarem a
maquiagem durante o expediente.
"Ainda que tenhamos de usar uniforme e o
trabalho seja um pouco desgastante, não deixamos de lado nossa vaidade",
declara a gerente de produção Joice Ioleni da Silva, 26.
Ambiente misto favorece troca de ideias na empresa
Para a consultora do Sebrae-GO (Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Goiás) Paula Cristina Borges Gomide, as
mulheres têm algumas virtudes inatas, como maior capacidade de concentração e
de executar várias tarefas ao mesmo tempo.
No entanto, segundo Gomide, não dá para dizer
que os homens estavam impedindo o crescimento da empresa. "As mulheres
souberam preencher falhas que os antigos profissionais deixaram, provavelmente
porque estavam desmotivados", diz.
